10 thoughts on “Comentários aos artigos de Sociologia do Consumo

  1. On Explaining Consumption

    By Conrad Lodziak

    As sociedades contemporâneas são, como as conhecemos, sociedades de consumo. Sociedades do descartável. Sociedades do “plástico” O consumo é algo que hoje é indestrinçável da sociedade como um todo, e ao mesmo tempo, de cada cidadão, individualmente. É o motor de reprodução do capitalismo.
    Os indivíduos consomem para suprir as suas necessidades individuais, e colectivas, contribuindo para um ciclo sem fim. Conrad Lodziak, na sua senda para explicar o consumo, identifica uma “ideologia do consumismo”, considerando-a um paradigma negativo, derivado da necessidade excessiva e exagerada de consumir. Esta ideologia descreve o consumo como algo simbólico, algo que produz identidade e que nos define enquanto pessoas. Tornámos-nos consumidores soberanos: “Diz-nos o que queres que nós produzimos”; e livres: “escolher entre uma satisfação maior ou menor”.
    As noções de “liberdade e poder”, que o autor denuncia como um dos pilares deste paradigma da sociedade, dita que as nossas escolhas definem a nossa personalidade. Há um culto do “eu”, ou seja, o individuo é um projecto de si próprio, procurando uma identidade não permanente, mas mutável. De acordo com Anthony Giddens, o projecto do próprio traduz-se na posse de bens desejáveis e na procura de um estilo de vida padrão ideal. No entanto, este tipo de “identidade”, idealizada nas sociedades contemporâneas, distancia-se da identidade substancial, que passa pelo auto-desenvolvimento, e conhecimento interior. Anthony Giddens referiu que “(…) a aparência substitui a essência, pois o peso que os sinais visíveis do consumo ideal ultrapassam o valor utilitário dos bens e serviços em questão.”
    Mas serão todos os indivíduos assim? Procuramos todos identidade e realização através do consumo?
    Lodziak afirma que não. Os indivíduos não consomem apenas por motivos simbólicos, mas, sobretudo, por motivos de necessidade, termo descurado na “ideologia do consumismo”. Eles têm muitas vezes um consumo utilitário, consumindo em grande parte, o que necessitam apenas. Isto porque numa sociedade, a maioria dos cidadãos não possui rendimentos para aspirar a um consumo supérfluo sem utilidade.
    Apesar de considerar que o aumento deste tipo de consumo é preocupante, e as alterações ao nível individual são essenciais para alterar a mentalidade dos individuos, o autor afirma que este consumo é meramente marginal ao aumento do consumo que realmente tem um impacto negativo para as sociedades contemporâneas: o Consumo Institucional. Este tipo de consumo é o consumo feito pelos meios de produção, ou seja, o consumo praticado pelas fábricas, grandes empresas, instituições estaduais, serviços públicos e privados, etc. Este consumo não se insere na esfera individual ou doméstica. No entanto, é aqui que se verifica um consumo desperdiçador e poluente, negativo para o ambiente e para os seres humanos. Por exemplo, o consumo institucional consome em média 78% da energia e produz 88% das emissões tóxicas (dados da pagina 124 do presente artigo).
    O aumento deste consumo deve-se à produção de produtos de perenidade cada vez mais elevada (intencional, para tornar a compra uma necessidade), com o intuito de obter lucros a partir dessa mesma produção, criando ciclos de consumo.
    Em adição, para estimular o consumo, as empresas começaram a acrescentar elementos supérfluos a bens de primeira necessidade: Um frigorífico tem uma função básica, mas se lhe for acrescentado um “gadget” já se torna mais apetecível no âmbito do consumo supérfluo. Isto faz com que o objecto essencial em questão, se torne mais frágil, e obsoleto num prazo mais curto.
    Para terminar, Lodziak conclui que a reprodução das sociedades capitalistas não passa por seguir a “ideologia do consumismo”, pelo que as atracções do consumo são exageradas, e os consumidores que consomem mais do que o necessário são os indivíduos mais abastados financeiramente.
    Grande parte do que é consumido nos dias de hoje não é escolhido livremente, mas sim uma resposta de adaptação às necessidades impostas pelo sistema capitalista (e pelo consumo institucional), o que subverte as necessidades básicas para um plano obsoleto. Por exemplo, se os serviços públicos são privatizados nos Estados capitalistas, com o intuito de redução da despesa, o serviço será mais pobre, dado que a orientação privada é para o lucro, em vez do serviço público. Logo, no caso dos serviços de águas, se a água que sai da torneira é imprópria para consumo, é criada uma necessidade de comprar agua engarrafada (imposta indirectamente por este sistema).
    A actividade económica deve ser restringida à produção de necessidades duradouras. No entanto, tal conquista só pode ser obtida pela via democrática (sublevação das massas).
    Reduzir o consumo institucional pode ter os seus efeitos positivos: A eliminação de formas inúteis de emprego, um rendimento garantido (suficiente para as necessidades básicas) e um aumento do tempo livre para os indivíduos se dedicarem a outro tipo de actividades mais rentáveis e mais “verdes”, que beneficiariam tanto o planeta como o indivíduo.

  2. Consumers and Consumption – Zukin e Maguire.

    O consumo é visto como um processo social, cultural e económico que pode ser visto como um projecto de formação e expressão das identidades individuais.
    O consumo de bens mais elaborados e as instituições que o tornam possível assumem um grande impacto na vida actual, mas acarreta alguns problemas. O consumo é um tópico tão grande que ultrapassa facilmente áreas institucionais e as esferas pública e privada; e, como é, muitas vezes tomado como garantido é muitas vezes denegrido (Marx: é um fetiche pela comodidade; Weber: tem uma visão instrumental).

    O consumo de massas provocou o desaparecimento gradual de pequenos mercadores por grandes firmas e altamente capitalizadas, surgindo para manipular o consumo dos cidadãos. Como é que isto acontece? As empresas procuram criar nos consumidores uma de satisfação e a ideia de obsoleto, que leva os indivíduos a desejar os novos produtos, usando-os para substituir os antigos.

    (The Consuming Subject)
    A cultura do consumo está ligada à ideia moderna do “choosing self”, ou seja, como um processo de individualização. O consumo está ligado ao “estilo de vida” e ao “gosto” de cada um. Há também uma crítica à “liberdade de escolha”, já que o consumo é uma obrigação do cidadão-consumidor.

    (Consumption and colective identity)
    A cultura de consumo provoca mudanças na estruturas demográficas, sociais e geográficas, devido às intervenções por mídia e marketing. Provoca também o desenvolvimento do sujeito consumidor e identidade individual.

    (…)
    As autoras preferem um estudo do consumo detalhado, que coloca o consumo na junção de estruturas sociais em mudança e práticas culturais: o estudo sobre o tema deve focar-se tanto na produção e na recepção dos produtos.
    Exemplo da gastronomia francesa (Ferguson) como “template” do conceito de Bourdieu do campo cultural e a sua análise usa-o como quadro para estudar novas formas de consumo: o campo cultural é aqui usado para isolar “factores estruturais” que fizeram da gastronomia francesa como uma nova forma de consumo de comida.

    Campo Institucional >> mudanças na estrutura social e cultura de consumo (Ex: criação dos centro comerciais como espaços institucionais por inovações no sistema das lojas comerciais. Ao dividir o espaço institucionais em espaços sociais, linguagens e histórias, procura-se analisar mudanças nas estratégias de negócio que fomentaram os espaços comerciais e democratizaram o acesso a bens de consumo).

    A linguagem de consumo muda ao longo do tempo: a linguagem cientifica da composição dos produtos e a durabilidade para uma escrita mais pessoas sobre o estilo de vida e expressão individual. os consumos de consumo dos individuos é um pouco mais racional do que a imagem dramatizada pela “febre do luxo” ou do “americano que gasta demais”. Consumir também pode ser visto como uma actividade bastante controlada, mas também como uma actividade com grande potencial criativo, o que indica a razão pelo qual muitos consumidores têm fortes sentimentos relativamente a ele.

    o fio condutor deste artigo é mostrar como o consumo também pode ser visto como uma expressão da identidade (estilo de vida e “gostos”) de cada individuo.

  3. Distinction by Consumption in Czechoslovakia, Hungary, and the Netherlands

    Nan Dirk de GRAAF

    Abstract
    Os objectivos do estudo são: perceber o impacto da educação da mulher e do homem no consumo de cultura e o impacto dessa educação com o “status inconsistente” no consumo material. Isto a partir dos resultados de questionários que se realizaram na Checoslováquia, Hungria e na Holanda na década de 80 e 90.

    Na Checoslováquia e na Hungria verificou-se uma “maximização de status”, que consiste no facto de uma pessoa ajustar-se ao parceiro com maior nível educacional e de consumo cultural. Na Holanda verifica-se um padrão diferente.

    Quanto à análise sobre o estilo de vida relativamente aos bens materiais, verifica-se uma dominância masculina na Holanda, que se justifica pelo menor número de mulheres que trabalham, logo são mais dependentes dos homens.

    Os casais holandeses com baixos rendimentos e com um nível educacional relativamente alto tendem a ter um baixo nível de consumo material, enquanto os casais holandeses com altos rendimentos e com baixo nível educacional tendem a ter um elevado consumo material. Na Hungria esta situação é verificável quanto mais “inconsistente” for o status do casal. Na Checoslováquia não foram detectadas situações semelhantes às da Holanda.

    A educação, a profissão e o rendimento são os três aspectos primordiais a ter em conta no estudo do estilo de vida cultural dos indivíduos. A educação é o factor mais forte para determinar o consumo cultural. Quem tem maior nível de educação está mais propenso a consumir um nível superior de cultura. Quem tem maiores níveis de rendimento compra bens mais caros, e tendencialmente tem um maior nível de educação e de profissão, logo, o nível de consumo cultural também é maior.

    Em muito países o consumo cultural é encarado como uma forma de satisfazer a auto-estima, porque este está associado ao luxo.

    O consumo elevado de cultura pressupõe um nível intelectual maior, porque é preciso ter certas capacidades cognitivas para apreciar cultura.

    Graaf enfatiza a influência que o parceiro tem no consumo cultural dos indivíduos.

    O autor refere que Weber acredita que a maximização do status provoca uma diminuição na distinção entre os grupos de status social.

    Hipóteses
    O autor apresenta uma séria de hipóteses cujo enfoque incide em 3 aspectos: a maximização do status (1) e a dominação masculina (2), que se dividem no consumo cultural e na posse de bens materiais, e o status inconsistente (3) onde aborda a apenas o aspecto da posse de bens materiais.

    Enquanto a educação é um forte factor para o consumo cultural, o rendimento é um forte factor para o consumo de bens de luxo. O rendimento pode ser elevado mas o consumo de cultura pode ser baixo.

    O “status inconsistente” explica-se através dos casos em que o individuo tem bons recursos económicos e se distingue socialmente através do consumo de bens materiais. Ou quando o rendimento do individuo é baixo comparativamente com o nível educacional, mas quer ter o sentimento de pertença à classe mais alta e consome bens materiais de elevado preço.

    O autor estuda estes três países para poder fazer a distinção entre os países socialistas e capitalistas. Relativamente às diferenças de preço: os socialistas têm uma grande diferença de preço entre os produtos básicos (transportes públicos baratos) e os produtos considerados de luxo (comprar carro ou ir de férias é muito caro). Na Holanda essa diferença de preços já não é tão acentuada. O autor conclui que com esta diferença de preços, na Hungria e na Checoslováquia os indivíduos que têm um baixo rendimento comparativamente com o nível elevado de educação, têm mais tendência a comprar bens materiais mais caros com o fim de mostrar o seu status social.

    A urbanização também é um factor que o autor considera que influencia no consumo de bens materiais ou no consumo de cultura, porque quem vive nas grandes cidades tem maior oportunidade de acesso a lojas, teatro, ópera, etc.

    Conclusões do autor:
    – É preciso educação para apreciar elevado nível de cultura, seja em que país for;
    – Em todas as sociedades é preciso rendimentos para comprar bens luxuosos;
    – As características do parceiro é um aspecto muito importante quando se fala em estilo de vida;
    – Na Hungria e na Checoslováquia, quando o nível de educação do homem é maior do que o da parceira, verifica-se um impacto no consumo cultural dessa parceira. O mesmo já não acontece se os papeis forem invertidos. Por isso, o fenómeno da maximização do status é muito presente nestes países;
    – Na Holanda, a educação dos casais tem um impacto quase igual relativamente ao consumo cultural, por isso não se nota tanto o fenómeno de maximização do status;
    – Os países com maior nível de educação em ambos os géneros são os que têm menor nível de maximização de status.
    – Relativamente aos bens materiais o autor concluiu que na Hungria é o país onde existe uma maior maximização de status, pois o parceiro que tem um elevado nível de educação está fortemente relacionado com o consumo de bens materiais (ao comprar bens está a partilhá-los automaticamente com o parceiro);
    – Verifica-se um domínio masculino na Holanda, ao contrário dos outros dois países, onde o nº de mulheres empregadas é maior;
    – Relativamente ao status “inconsistente”, este fenómeno só se verifica na Holanda e Hungria;
    – Na Holanda, os casais “under-rewarded”, ou seja, os que têm um elevando nível de educação em relação ao rendimento, tendem a consumir menos bens materiais do que os casais “over-rewarded”, que têm um menor nível de educação em relação ao rendimento. O mesmo acontece na Hungria, ainda com mais intensidade.
    – Apesar de haver um domínio masculino no consumo de bens materiais na Holanda, no que toca ao estilo de vida cultural esse domínio já não existe.

  4. Class and Cultural Division in the UK
    Brigitte Le Roux, Henry Rouanet, Mike Savage and Alan Warde

    RESUMO
    Este artigo recorre a dados extraídos do estudo “Capital Cultural e estudo sobre a Exclusão Social” para examinar a relação entre a classe social e a participação cultural e o gosto nas áreas da música, leitura, televisão e cinema, artes visuais, lazer e comer fora. Através da análise de dados geométricos, foi examinada a natureza dos dois eixos principais que distinguem “o espaço de estilos de vida”, demonstrando que o eixo mais importante é fortemente associada com a classe social e identificando os limites entre as classes sociais que podem mais eficazmente diferenciar os indivíduos.

    O modelo permitiu distinguir uma pequena classe profissional (24%) de uma classe intermédia de gerentes, supervisores, trabalhadores independentes, técnicos superiores e administrativos (32%) e uma classe relativamente grande de supervisores de 2ª categoria e técnicos (44%).

    Esta pesquisa chegou à conclusão surpreendente de que as divisões de classe são pouco importantes na formação de práticas culturais e nos gostos dos indivíduos. A medida dedutiva de classe social diferencia os trabalhadores com base em aspectos relacionados com o seu emprego, ignorando como a classe pode afectar os valores culturais e as várias preferências de gostos.

    Em artigos publicados recentemente, Chan e Goldthorp, entre outros, exploraram o impacto da classe nas práticas culturais, como o gosto pela leitura de jornais, consumo de musica e cinema, teatro e dança, considerando que a classe não é muito importante na determinação do envolvimento cultural do individuo. Contrariando as teses de Bourdieu, demonstraram que há padrões de gostos culturais que desmentem a tese da individualização e que há pouca evidência de uma correspondência entre classe e preferências culturais.

    As pesquisas sobre os gostos musicais (Chan and Goldthorpe, 2007a), cinema, teatro, dança (2005) e leitura de jornais (2007b), confirmaram amplamente as reivindicações de que estes gostos estão mais associados a status que à ocupação profissional dos indivíduos, seguindo Weber no principio de que status deverá estar mais associado com gosto cultural do que com a classe económica. Introduziram assim uma associação entre a ocupação, rendimentos e qualificações e o estilo de vida, consumos culturais, contactos sociais e educação.

    A criação da categoria de estilos de vida na Grã-Bretanha usando um método semelhante à de Bourdieu, oferece a vantagem de permitir a comparação dos resultados. O estudo de recolha de dados consistiu num entrevista de 60 minutos abordando um leque de questões de forma a construir o espaço dos estilos de vida, cobrindo sete temas: musica, literatura, televisão, cinema, artes, desporto e comer fora.

    As conclusões alcançadas foi que a classe social continua a ser o eixo mais forte na diferenciação cultural. Em termos gerais, o estudo sugere que as divisões de classes no Reino Unido são um elemento central para a organização dos gostos culturais, bem como as classes de trabalhadores representa a maior classe individual, com cerca de metade da população. Reconhece-se ainda neste estudo que a divisão de classes sociais pode ser atribuída à interacção entre capital económico, cultural e social, e as divisões de classe não deve ser confundida com a divisão do trabalho em si. As fronteiras limites das classes sociais estão a ser redesenhadas através dessa interacção cada vez maior entre o capital económico e cultural.

  5. “Class and cultural division in the UK”

    Brigitte Le Roux, Henry Rouanet, Mike Savage e Alan Warde

    Neste estudo os autores usando dados extraídos do Capital Cultural e de estudos de Exclusão Social examinam a relação entre a associação de classe social e a participação cultural e o gosto nas áreas específicas da música, literatura, televisão e cinema, artes visuais, lazer e refeições fora de casa.
    Para o efeito os autores utilizam uma análise de dados assente em dois eixos que distinguem o espaço de estilos de vida, sobrepondo em seguida as variáveis sociodemográficas sobre o mapa cultural. Provam assim que o eixo mais importante é associado à classe social. Pretendem ainda avaliar que tipos de limites de classes sociais podem diferenciar os indivíduos pelo estilo de vida.
    O modelo utilizado distingue três grupos, que os autores designam por classe profissional de pequena dimensão, classe intermédia que engloba gerentes, supervisores, técnicos superiores e uma classe de trabalho, de grande dimensão, que engloba técnicos, supervisores juniores e trabalhadores.
    Os autores começam por discutir o ressurgimento do interesse do estudo das classes por parte da sociologia em Inglaterra e para esse efeito efetuam uma revisão da bibliografia científica editada nas últimas décadas.
    Em seguida os autores explicam o modelo aplicado ao estudo, análise de múltipla correspondência, que possibilita fornecer um mapa percetual com informação rica e complexa de gostos e práticas culturais, trabalhado por agrupamentos ocupacionais.
    O estudo foi efetuado num universo de 1564 indivíduos do Reino Unido com mais de 18 anos, tendo o questionário abrangido áreas chave da atividade cultural, como a televisão, os meios de comunicação, a literatura, as artes visuais, a música, o comer fora de casa, o desporto e o lazer.
    Os autores preocuparam-se em distinguir os modos de envolvimento cultural por intermédio do questionário, distinguindo entre a frequência de participação em atividades culturais, assim como os gostos medidos pelas expressões em cada um dos domínios culturais. A pesquisa também recolheu dados económicos e sociais, educação e história familiar.
    Em seguida os autores apresentam os mapas percetuais dos resultados obtidos e analisando-os e explicando a importância dos eixos (X e Y). Após essa primeira análise segue-se a introdução das variáveis sociodemográficas como elementos complementares de análise. Possibilitando a afirmação que as classes sociais permanecem altamente associadas aos padrões de estilos de vida e demonstrando claramente a importância das classes na estrutura cultural do Reino Unido.
    Os autores afirmam que o estudo distingue três classes, uma classe profissional de gestores e grandes empregadores que representa 24%, uma classe intermédia que inclui pequenos gerentes e representa 30% e uma grande classe de trabalho que engloba técnicos e supervisores e que representa 46%.
    Os autores concluem que o modelo mais eficiente distingue três classes e em termos gerais as divisões culturais no Reino Unido não são em função de um conceito de exclusão social. A divisão de classes é um elemento central para a organização do gosto e prática cultural e que a classes do trabalho constitui quase metade da população. Afirmam ainda que a divisão de classes sociais pode ser atribuída à interação entre o capital económico, cultural e social e que a divisão de classes não deve ser confundida com a divisão do trabalho em si mesmo.
    Por último, os autores afirmam que os resultados sugerem que os limites das classes estão a ser redefinidos através da interação entre o capital económico e o cultural, incluindo as fronteiras dentro da classe trabalhadora.

  6. Social Differentiation in Musical Taste Patterns
    Koen Van Eijc
    Resumo
    O presente artigo fala sobre a diferenciaçao social em padroes de gostos musicais. o artigo foi feito na Holanda com o intuito de investigar os padroes de gosto musical dos holandeses.

    O estudo afirma que as pessoas de classe alta tendem a ser onivora porque gostam de ouvir diferentes generos musicais do que os da classe baixa. As pessoas com elevado nivel educacional sao os que mais frequentam museus, teatros, concertos classicos. Preferem todos os estilos musicais com exceçao da musica country e tem maior pré – disposiçao para gostos musicais enquanto que a classe alta sao os que mais leem livros e jornais de qualidade.

    O surgimento da nova classe média é composta pelos jovens, os seus estilos de vida tem caracteristicas Pos – modernista, porque os seus padroes de consumo tem a ver com o lazer, combinam musica POP com Classica ou Jazz. O consumo cultural refere- se a status social. Um determinado individuo pertence a classe social alta quando possui mais capital cultural dos que as pessoas das classes baixas(Bordieu 1984). Para este conceituado autor o termo capital cultural refere -se ao conhecimento e apreciaçao da cultura e artes, bom gosto e boas maneiras.

    O estudo chegou a conclusao que as pessoas da classe alta e as pessoas com alto nivel academico sao mais onivoras dos que as pessoas com menos grau de escolaridade ou classe baixa. Contudo a diferença e pequena no que diz respeito ao numero de generos; visto que responderam como pelo menos mais ou menos nao em relaçao aos seus generos preferidos. estudo chegou a conclusao ainda que os generos musicais podem ser estruturados em tres tipos basicos(intelectual, pop e folk.
    As pessoas que se identificam como onivoras fazem parte de uma fracçao especifica dos grupos das classes alta em que combinam um conjunto de estilos.

  7. “Consuming because others consume”
    Judith Lichtenberg

    A principal ideia deste artigo é o facto de muitas pessoas consumirem porque as outras também consomem. E para este comportamento autora avança com várias explicações: a procura de status social ou superioridade e a procura de status mas relacionado com um sentimento de igualdade.

    Esta tese sobre a relatividade do desejo de consumo comporta duas implicações. Uma é prática: se uma pessoa consome porque as outras também o fazem, então ela também podia consumir menos se outros também o fizessem, sem diminuir o seu bem-estar. A outra implicação é moral: críticos do consumo normalmente sugerem que as pessoas que consomem porque os outros também são consomem são conformistas, gananciosas, preocupam-se com os bens materiais, status e superioridade.

    Contudo, a aquisição de um bem por muitas pessoas pode torná-lo mais necessário, mesmo não sendo uma necessidade. Outra das características é que a aquisição de um bem por outros indivíduos serve como uma forma fundamental de fazer publicidade. O facto de um amigo ou um vizinho ter algo novo, actua como um estímulo (Keep up with the Joneses). Ostentação de riqueza e um excessivo apego aos bens materiais para ganhar status. Porém, o comportamento impulsivo pode depender de vários factores. Em primeiro lugar, da forma como está organizada a sociedade e as suas infra-estruturas ou por causa dos efeitos da internet, a satisfação das necessidades e interesses que a maior parte das pessoas concorda que são necessidades básicas dependem, em parte, das práticas de consumo dos outros. Em segundo lugar, conhecimento implica desejo: não é necessariamente um sinal de ganância ou inveja querer as coisas quando as vemos. No entanto, segundo a autora isto não nega a existência do desejo de aumentar a nossa posição social através dos outros. Nós queremos ter as coisas e fazer com que os outros saibam que as temos, em parte para dizer ‘algo’ sobre nós mesmos.

    Mas da mesma forma que uma pessoa consome para mostrar que é melhor que os outros, também pode consumir simplesmente para mostrar que é tão boa como os outros. Ter as mesmas coisas que os outros têm, mas não ter mais que os outros. “O respeito próprio e o respeito que os outros têm por nós são fundamentais para as necessidades humanas. Uma pessoa não consegue ter uma vida decente sem isto”. A necessidade pelo respeito próprio (ou a necessidade de evitar a vergonha) é básico e universal. Mas o que leva a satisfazer esta necessidade muda consoante o tempo e o sítio. Os bens que funcionam como marcadores do respeito próprio devem ser visíveis e públicos, o que explica a importância das roupas e dos carros.

    A autora apresenta duas razões para o desejo de igualdade e o desejo de superioridade. Uma é moral: querer ser tão bom como os outros parece respeitável; querer ser melhor ou ultrapassar os outros já desperta suspeitas. A outra razão seria negar a existência do desejo de superioridade. “Querem as pessoas ser apenas iguais ou elas querem ser superiores?”.

    Pensar que por ter ou mostrar certos objectos uma pessoa pode demonstrar o seu status é reconhecer que tais coisas constituem sinais exteriores. Se é verdade que precisamos de informação acerca dos outros, que normalmente seria difícil ou impossível de obter, então devemos tê-la através de sinais mais visíveis. Se alguém se importa com o que os outros pensam, então é preciso saber o que é que as opções de consumo significam. A maneira como nos vestimos, o carro que conduzimos ou aquilo que comemos, são escolhas que dizem às pessoas sobre os nossos gostos, interesses e valores.

    Outra ideia que a autora avança em relação ao comportamento de consumo é que os nossos desejos também são influenciados por aquilo que as pessoas que nos rodeiam têm. O que consumimos depende daquilo que os outros à nossa volta consomem.

  8. Resumo
    The Sociology of Self
    Peter L. Callero

    Esta abordagem sociológica sobre Identidade reflete novas ênfases no poder, reflexividade e construção social. A importância do poder para moldar a identidade é central nas correntes de estudos associadas a Foucault. O princípio da reflexividade é o cerne da tradição Meadian e fornece uma base pragmática para o entendimento da ação política. O princípio da construção social é comum às novas e às tradicionais abordagens sociológicas da identidade e servem como guias às mais recentes análises empíricas.

    Com os processos de globalização e capitalismo, a identidade está exposta de várias formas: individualização da vida social, proliferação dos papéis e emergência dos projetos de identidade.
    O autor apresenta uma nova perspetiva da sociologia da identidade inspirada na corrente interacionista e pós-modernista. Para isso são desenvolvidos três conceitos: poder; reflexividade e construção social.
    Para Foucault, a identidade é consequência direta do poder. Através das tecnologias de vigilância, os tecnocratas, especialistas, terapeutas, professores, servem como veículos de poder nas diversas instituições. Para o autor, o ego é um mecanismo de controlo.
    Para o interacionismo simbólico, a identidade é o primeiro e principal processo de interação social. O processo reflexivo refere-se à capacidade humana de sermos simultaneamente sujeitos e objetos. A reflexividade não é biológica, uma vez que emerge da experiência social.
    Tem sido argumentado pelos sociólogos que a identidade é um simultaneamente produto e força social. A maior parte da pesquisa inspirada no interacionismo simbólico concentrou-se no auto-entendimento, auto-significado e auto-conceitos como produtos sociais de interesse. A construção social do ego é também sobre o significado e o entendimento associados à identidade pública, a identidade que é visível aos outros e que é aceite como categoria cultural de personalidade.
    (…)
    O uso de novas tecnologias de comunicação está longe de ser positivo para a maioria das pessoas. De particular interesse sociológico é a maneira em que a nova tecnologia auxilia na dominação e controlo da identidade. É o caso de tecnologias de vigilância (vídeo, detectores de mentira, testes de drogas, etc.) que funcionam como mecanismos de auto-regulação induzida. Também é evidente quando os meios de comunicação, especialmente por meio de publicidade comercial, criam imagens de identidade, essa a identidade é construída de uma forma que beneficia a economia de consumo (Ewen & Ewen 1992) e serve os interesses de uma agenda política decididamente conservadora (Giroux 1997). Ainda, a investigação Milkie (1999) sugere que, mesmo que imagens de media afetem o auto-entendimento através de comparações sociais, alguns atores encontram maneiras de resistir à sua influência.

    Conclusão
    Quando muitos estudiosos pós-modernos e pós-estruturais tinham declarado o fim da identidade como um conceito político, filosófico e científico, o conceito continua a prosperar no mundo acadêmico e é especialmente vibrante em Sociologia.
    Admitindo-se a natureza construtivista da identidade, reconhecendo suas origens culturais e históricas e aceitando o eu como um produto das relações de poder não é possível remover a identidade como um objeto e força na sociedade. Na sua essência, é definido pelo processo reflexivo. Ainda mesmo a nível de auto-significados, auto-imagem e autoconceito, onde os elementos históricos, culturais e políticos de identidade são expostos, a identidade continua a prosperar como uma importante ferramenta conceitual. Em grande parte da mesma forma que o conceito de identidade tornou-se central, expandiu-se além dos limites tradicionais do interacionismo simbólico. Nesta nova conceção, encontramos uma apreciação mais profunda da Fundação histórica, política e sociológica de individualidade e uma compreensão mais sofisticada da relação entre o indivíduo e a ação social.

  9. Theorizing New Media: Reflexivity, Knowledge and Web 2.0 – Sam Han

    O objectivo de Sam Han neste artigo é de analisar, teoricamente, o
    conhecimento, no contexto das novas tecnologias de media, através de uma análise crítica à teoria da modernização reflexiva.

    A internet de hoje em dia já não é a mesma dos anos noventa. A partir das conclusões de Lev Grossman, o autor verificou que a nova Web deixou de ser apenas utilizada para receber informação e passou a, também, produzir informação. É um instrumento de aproximação global. A internet passou a ser vista como um espaço de inclusão, uma plataforma que facilita a partilha de ideias em escala global.

    Os estudiosos da teoria da modernização reflexiva – como Anthony Giddens, Ulrich Beck e Scott Lash – defendem que as novas tecnologias de media são tecnologias reflexivas que permitem que os agentes sociais estejam conscientes das suas posições sociais. Han põe em causa até que ponto essas novas tecnologias afectam a sociedade.

    O autor faz uma análise retrospectiva à teoria de Scott Lash de forma a avaliar criticamente se as novas tecnologias de media não terão causado, também, mudanças nas próprias categorias – conhecimento, colaboração, partilha – utilizadas para descrever as mudanças ocorridas na forma de utilização das mesmas. Han defende que as novas tecnologias de media não são tanto as catalisadoras da proliferação de uma sociedade global do conhecimento, mas sim, as responsáveis pela formação dos conceitos modernistas do conhecimento – circulação, produção e funcionalidade.

    Por fim é feita uma análise entre o conhecimento global e a democracia global. Baseado na visão de Yasmin Ibrahim, de que as novas tecnologias de media são democráticas por espelharem – através de palavras, imagens e ideias – a consciência humana; Han volta a criticar a falta de preocupação em considerar que essas novas tecnologias de media possam ter alterado o conhecimento per si, através de uma reconfiguração da relação entre o humano e o tecnológico.

  10. Paper: Consuming Life
    Autor: Zygmunt Beauman

    O paper de Zygmunt Beauman sobre Consuming Life retrata vários pontos de como é observado por outros autores o consumismo dos indivíduos. Uma das primeiras frases referidas no paper é “O prazer está na caça e não na captura da presa”. Isto quer dizer que actualmente não encontramos consolo em nada, porque quando olhamos para algo e pretendemos esse mesmo algo, eles encontra-se bem perto de nós.Existe contudo uma comparação neste paper entre o prazer/consumismo e Don Juan, referindo-se à sua forma de actuar e conquista sobre algo que deseja. Para Norton e Kile referem que Don Juan como este sendo uma pessoa sem qualquer preparação, nenhum plano, nenhum momento porque está sempre preparado.É alguém que termina constantemente algo, isto é a sua via é uma soma de momentos é o momento.Para Kierkegaard tratava-se de um monstros, um abominável e destestável excepção, um crescimento canceroso da humanidade como poderia e deveria ser.Pascal discordava e mencionava que Don Juan era bem o que as pessoas comuns seriao que as pessoas comuns seria muito caro – todos eles desejam algo.É referido que o consumo é algo necessário para satisfazer as nossas necessidades, e justifca-se em termos diferentes para cada um de nós. Não podemos esquecer-nos que o desejo implicito do consumidor é consumir, e para tal cada um gasta o seu tempo e a sua condição financeira para obter o que deseja consumir.Actualmente a sociedade encontra-se em constante inicio de fim de alguma coisa. Anteriormente o consumidor impunha um limite a si próprio, hoje em dia essa siuação não se verifica. A cultura deixou de distinguir o mercado da socidade consumidora e do consumidor. Presentemente a sociedade de consumo encontra-se permanentemente numa procura constante para saciar os seus desejos.A ordem racional não podia ser erguida sobre as areias em movimento do desejo sem foco difuso onde a voz da razão seria inaudivél…Nesta frase nós reflectimos que o ser humano actualmente já não usa a cabeça para pensar nas consequências do seu consumismo, no seu desejo de ter algo, a razão deixou de existir para dar lugar à vontade.Mesmo que o consumidor queira, existe sempre avontade de adquirir algo novo, algo que o próprio pensa que será confortante se tiver, porém a satisfação nunca é plena e o consumo encontra-se sempre a aumentar, nunca tendo um limite. Existe portanto uma irracionalidade por parte do individuo, do qual o mesmo não consegue se abestrair, os bombardeamentos são constantes para o consumo, o desejo de ter algo aumenta a cada instante, o que prefaz ao individuo não ter um botão “cerebral” que o faça desligar do mundo exterior completamente consumista.

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